‘O homem do futuro’ traz cientista que busca reconquistar amor do passado. Filme com Alinne Moraes e Gabriel Braga Nunes, que estreia nesta sexta (2), recria o Brasil de 1991.
Cláudio Torres está se especializando em um gênero que o próprio batizou de “comédia romântica fantástica”. Após o sucesso do filme-que-virou-série “A mulher invisível”, o diretor retorna aos cinemas nesta sexta-feira (2) com mais uma produção do tipo: “O homem do futuro”.
O longa conta a história de Zero (Wagner Moura), um cientista solitário, criador de um conversor de partículas, cuja auto-estima foi dilacerada há 20 anos por uma humilhação pública realizada pelo grande amor de sua vida, Helena (Alinne Moraes), e seu ex-namorado, o almofadinha Ricardo (Gabriel Braga Nunes).
Na tentativa de criar uma nova forma de energia, ele entra na máquina que desenvolveu e acidentalmente vai parar em 1991. Lá encontra um Brasil em que os jovens escutavam Titãs, a rede de telefonia celular começava a ser implantada e o presidente nacional bolava um segundo plano econômico para controlar a inflação.
É nesse cenário que Zero encontra a si mesmo e irá reviver a noite que marcou a sua vida, tendo a oportunidade de alterar o futuro a partir de um evento – uma festa universitária – que moldou sua personalidade. “É um filme despretensioso, feito para tentar se comunicar com muita gente. Tenho certeza que não estou contribuindo em nada para a linguagem cinematográfica internacional. Minha pretensão é querer atingir gente”, resume Torres.
A despretensão é justamente o trunfo de “O homem do futuro”. A história, apesar de pouco original, diverte graças ao clima nostálgico e ao roteiro, cujos buracos são ignorados devido ao bom elenco e às situações cômicas repletas de referências ao mundo de duas décadas atrás.
Um bom exemplo acontece quando Zero pega um táxi em 1991 e ouve do taxista que a corrida custou 25 mil – cruzeiros, a moeda da época. O cientista dá uma nota de R$ 50 e escuta do motorista: “isso aqui é real?”. A resposta vem de bate – pronto: “lógico que é real!”
“A gente queria recuar o personagem no tempo de uma maneira que não complicasse a maquiagem. Fui olhar o mundo de 1991 e tinha muita coisa interessante: o [Fernando] Collor estava no auge, andando de jet-ski e explodindo pista de traficante. E, musicalmente, também havia um cenário muito interessante”, comenta Torres.
A trilha sonora de “O homem do futuro” merece um parágrafo à parte. O filme é todo construído a partir de “Tempo perdido”, da Legião Urbana, que os personagens de Moura e Alinne cantam (ou assassinam) na tal festa universitária. E tempo perdido é justamente o que acontece assim que Zero altera o passado – e também o futuro, respectivamente.
“Simplesmente vomitei no roteiro tudo o que leio desde criança. Gosto de ficção científica, quadrinhos, sou fã de seriados como ‘Túnel do tempo’. Era sensacional, sobre uns caras que voltavam no tempo a cada episódio e só caiam em roubada! Também acho que a vontade de voltar no tempo é algo que todo mundo já sentiu. E o único de jeito de voltar no tempo é no cinema”, acredita.
No momento, Torres escreve dois roteiros da tal “comédia romântica fantástica”. O primeiro é direcionado para a televisão: oito novos episódios do seriado “A mulher invisível”, que estreiam ainda neste ano na TV Globo. O segundo é voltado para os cinemas: o filme “As bruxas”, sobre um homem que se casou com uma.
“Ele se passa em duas épocas e terá minha mulher, minha mãe e a minha irmã no elenco”, diz o cineasta, filho de Fernanda Montenegro, irmão de Fernanda Torres e marido de Maria Luísa Mendonça. A escolha delas não tem nenhuma relação com o título do longa, jura. “Não é nada pessoal”, ri.
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